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Woman in Science

Policy and Practices

Letícia Zago

    Idade: 25 anos
    Curso atual: Mestrado em Ensino de Física (IFSC/USP)

    Letícia, conte-nos sobre sua trajetória acadêmica.
    Cursei Licenciatura em Ciências Exatas no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), desde o início deste ano sou mestranda em Ensino de Física no Instituto de Física da USP (IF/USP) e já tenho ministrado aulas em instituições de ensino básico. Durante a minha graduação, fiz estágio de seis meses nos Estados Unidos, tendo completado parte do curso em Portugal.

    Por que escolheu uma carreira científica?
    Sempre gostei da área de física e de ensino. Inicialmente, iria prestar Bacharelado em Física, mas, ao conversar com professores, apaixonei-me pelo fato da área de ensino ser mais ampla e incluir os campos da biologia, química, psicologia da educação, entre outras.

    Atualmente, a presença das mulheres nos cursos de exatas tem aumentado? O que você vê no seu próprio curso?
    Acho que sim. No curso de Licenciatura vemos um número maior de mulheres. Nos cursos de Bacharelado acho que esse número também tem aumentado, apesar de não ser igualitário.

    Você diria que existe qualquer tipo de segregação ou discriminação de gênero, mesmo que sutis? Se sim, diria que isso pode ocorrer de forma inconsciente?
    Existe e acho que pode acontecer de forma inconsciente. No meu caso, quando vou procurar alguma escola para ministrar aulas, sinto que há preconceito. Dentro da sala de aula também há, porque já sofri preconceito quando um aluno disse que eu não tinha base para ensinar física, por ser mulher. Tenho amigas que sofreram preconceito na parte administrativa de escolas; elas formaram-se em Licenciatura em Ciências Exatas com Habilitação em Física, mas não foram contratadas porque eram mulheres.

    Uma carreira acadêmica, contando com graduação, mestrado e doutorado, muitas vezes passa a se estabilizar apenas aos 30 anos. Como você vê o impacto disso pra você? É diferente dependendo do gênero?
    Às vezes conseguimos fazer os níveis do ensino superior sem interrompê-los. Não sei se há muita diferença entre os dois gêneros.

    Letícia, você engravidou durante o segundo ano de graduação. Como você conciliou a gravidez e os estudos?
    A minha filha nasceu no começo do terceiro ano da graduação. Minha sorte foi que ela nasceu durante as férias. Mas, em relação à graduação, tive muito apoio dos meus colegas e muitos professores souberam diferenciar que, em determinados momentos, eu tinha que amamentá-la. O fato do curso ser noturno também me ajudou. Então, conseguia amamentá-la tranquilamente e fazer o curso. As minhas notas, inclusive, melhoraram durante o terceiro ano, porque meu tempo era bastante sagrado. A única dificuldade era que alguns professores não entendiam que eu tinha que cuidar de um bebê. Mas a maior parte do corpo docente entendia que em algumas aulas eu tinha que me ausentar. A minha filha passou bastante tempo no IFSC. Tive bastante apoio de meus colegas e dos professores. Esse apoio da Universidade foi muito bom, porque podia deixá-la aqui na creche. Além disso, tive vários auxílios, além de bolsas que foram importantes, principalmente devido à mobilidade de horário que elas me proporcionaram.


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